domingo, 3 de janeiro de 2016

Notas sobre o ano findando - Nacional

Foto Expresso
  Fechado 2015, sucede-se os balanços e fazem-se contas. De momentos e figuras.

 2015 fica marcado pela união dos partidos de esquerda para possibilitar um governo socialista. Por isso, António Costa é a grande figura do ano: mostrando uma exímia flexibilidade, fechou acordos com BE, PC e PEV, formou governo e obrigou Cavaco Silva a indigitá-lo, corrija-se "indicá-lo" como primeiro ministro. Fez história no sistema político português, fazendo com que a esquerda, acalmasse o seu ambiente natural de guerrilha, unindo-se em torno do objetivo comum de destronar a direita do poder. Costa teve assim a agilidade e a perspicácia necessária para transformar uma derrota histórica numa vitória inédita. E, ao contrário do que se previa, o PS não se transformou numa esquerda "radical" - como agora é designada- nem o BE e o PC perderam a identidade. Um dos desafios de 2016 é ver como António Costa continuará a fazer este 'esparguata' político - para já, conseguiu com que Passos Coelho voltasse atrás na palavra e votasse a seu favor na Assembleia, e que Paulo Portas anunciasse o seu abandono da liderança do CDS.

 Das eleições de Outubro, saiu também uma das figuras do ano de 2015 da política nacional: André Silva, líder do PAN. Numas eleições onde abundava a variedade, com uma avalanche de vários novos partidos formados por rostos conhecidos do eleitorado - como o Livre de Rui Tavares, o AG!R de Joana Amaral Dias, ou ainda o PDR de Marinho e Pinto - foi o Partido Pessoas-Animais-Natureza que conseguiu eleger um deputado, o seu líder, que alterou a fotografia da Assembleia da Republica que desde de 1999 retratava sempre os mesmos partidos.

 Da Madeira, veio também um dos destaques do ano. Alberto João Jardim despediu-se e Miguel Albuquerque sucedeu-o, vencendo as eleições regionais de Março com maioria absoluta. Desde aí, Albuquerque tem rompido com os traços marcantes do jardinismo que reinava na região desde 1978, mostrando um regime mais aberto e responsável.

Do quadro político açoriano, Vítor Fraga, no panorama regional, e Carlos César, no panorama nacional, são os grandes destaques de 2015. O primeiro, secretário regional dos Transportes, que até tem tido uma gestão muitas vezes pantanosa, foi o grande rosto por detrás pela liberalização do espaço aéreo açoriano, que permitiu a vinda das 'low cost' para São Miguel, fazendo disparar para valores históricos os números do turismo. Apesar das dos sanguinários debates entre partidos que chamam a si a responsabilização pela liberalização aérea, foi ele que, finalmente, permitiu que a galinha pusesse ovos de oiro, galvanizando toda a economia regional. O segundo, antigo presidente do governo regional e atual presidente do PS, tem vindo a subir a pulso no cenário político nacional. É o mais fiel súbdito de António Costa, fundamental na mecânica do funcionamento do governo enquanto líder parlamentar de um governo minoritário, sendo, agora, recompensado, com a eleição para conselheiro de estado.

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